Institucional 27/02/2020
Artigo de Especialista: Revisão da norma ABNT NBR 13962 e sua nova abordagem
Por Francisco Chen Frias
A nova versão da norma ABNT NBR 13962 (Móveis para escritório – Cadeiras – Requisitos e Métodos de Ensaio) foi publicada em 21 de junho de 2018, após um longo período de revisão na Comissão de Estudo de Cadeiras (CE-15:003.01), órgão que pertence ao Comitê Brasileiro do Mobiliário (ABNT/CB-15).
Para sua reforma, foram utilizadas quatro das principais normas utilizadas pelo setor moveleiro, responsáveis por ensaios e testes de qualificação de assentos:
– ABNT NBR 16031:2012 – norma que determina os requisitos e métodos de teste para certificar a resistência e a durabilidade de móveis e assentos que não são fixados ao piso e/ou paredes de forma permanente, contendo dois lugares, denominados de assento múltiplos;
– BS EN 1335-1:2000, Office furniture – Office work chair – Part 1: Dimensions – Determination of dimensions; – norma internacional que determina as dimensões das cadeiras de escritórios.
-BIFMA X5.1-2011, General Purpose Office Chairs – Tests; – norma que determina a consistência do teste, modificando pesos e cargas de teste e incluindo um novo teste para os apoios de pés.
– ISO 21015:2007, Office furniture – Office work chairs – Test methods for the determination of stability, strength and durability. – norma que define os métodos de ensaios que determinam a estabilidade, resistência e durabilidade dos mobiliários de escritório.
A novidade da nova ABNT NBR 13962 inicia-se logo no escopo, onde está definida a sua aplicação, ressaltando o fato da norma não ser aplicada em cadeiras plástica monobloco, assentos para espectadores, assentos plásticos para eventos esportivos e assentos múltiplos, eliminando assim qualquer risco de aplicação equivocada.
Nos termos e definições (item seguinte), os diferentes tipos de cadeiras fixas sendo cadeira de diálogo fixa e cadeira de diálogo giratória agora estão unificados simplesmente como “cadeira de diálogo”. A unificação permitirá mais praticidade na interpretação do modelo de produto em questão.
Também foi adicionado o seguinte termo “partes acessíveis durante o uso” utilizado na norma ABNT NBR 16031:2012. Seguindo para a avaliação da classificação das cadeiras (item que define mediante o critério de “obrigatoriamente ou facultativamente” por meio das suas características/regulagens o “Tipo” da cadeira, especificamente das cadeiras giratórias operacionais), a novidade está na adição de mais um “Tipo”, denominado como “D”, sendo que para se enquadrar no “Tipo D”, as cadeiras deverão apresentar como obrigatório somente a altura do assento. Entrando nas questões “dimensões”, todas as letras que nomeiam/definem as variáveis dimensionais, foram substituídas pela nomenclatura adotada na norma BS EN 1335- 1:2000.
Com tudo é importante salientar que nessa revisão da norma não está mais contemplada a questão dimensional dos rodízios. Para a análise dos requisitos de segurança e usabilidade, adotou-se um “diagrama para auxílio na avaliação dos pontos considerados de cisalhamento” baseado no diagrama 2 utilizado pela norma ABNT NBR 16031:2012. Tal diagrama permite que durante a avaliação das questões de segurança e usabilidade, mediante constatação de pontos de cisalhamento ou pinçamento, seja analisado o acesso a tais condições e se estão sob influência ou ausência de mecanismo de acúmulo de energia.
Quanto aos ensaios de estabilidade (cujo objetivo é avaliar se o produto apresenta desequilíbrio/tombamento), houve alteração apenas no método de ensaio, pois para tal será necessária a confecção de novos dispositivos, sendo duas massas em forma de “ganchos” a serem carregadas na cadeira sobre um dispositivo de apoio. Essa nova metodologia seguiu a proposta apresentada pela norma ISO 21015:2007.
Para os ensaios de resistência (cujo objetivo é submeter o produto a forças de alta intensidade por baixa ciclagem) e durabilidade (cujo objetivo é submeter o produto a forças de média intensidade por elevada ciclagem), a norma apresenta como principal novidade, que impactará significativamente às questões de avaliação dos produtos, a possibilidade de realizar os ensaios com base no peso do usuário x tempo de uso da cadeira.
A versão anterior da norma ABNT NBR 13962:2006 especifica os métodos de ensaios baseados em cadeira com uso de 8h ao dia, por pessoas com um peso até 110kg. Na versão atual, incluiu-se uma aplicação adotada pela norma ISO 21015:2007. Tal aplicação ratifica que as forças e número de ciclos são baseadas para o uso de 40h por semana e por pessoa com até 110kg. Entretanto, caso ocorra a utilização da cadeira considerando variáveis acima dessas condições, para efeito de ensaios deve-se realizar o seguinte método:
a) Para um usuário, por exemplo, com peso de 120kg, deve-se dividir 120 por 110. O resultado dessa divisão deverá ser multiplicado por cada força atual proposta nos ensaios de resistência e durabilidade;
b) Para uma utilização que ultrapasse as 40 horas semanais, por exemplo, 70 horas, deve-se dividir 70 por 40. O resultado dessa divisão deverá ser multiplicado, agora pelo número de ciclos apresentados por cada ensaio de durabilidade.
Importante ratificar que a alínea b) apenas pode ser aplicada para os ensaios de durabilidade e todo esse método no geral não pode ser aplicado ao ensaio de carga estática na base.
Por fim, a nova ABNT NBR 13962:2018 não tratará de “cadeira alta” (cuja definição apresentada pela norma ABNT NBR 13962:2006 para esse modelo é: “Cadeira giratória operacional, porém com estrutura giratória alta, apóia-pés e provida de sapatas”) sendo que para esse modelo de cadeira iniciaram-se os estudos em 26/06/2018 com objetivo de elaboração de uma nova norma pela Comissão de Estudo de Cadeiras (CE-15:003.01) na ABNT em São Paulo.
Mini Currículo
Francisco Chen Frias
Engenheiro de Produção Mecânica pela FMU com Especialização em Ergonomia pelo SENAC/SP e em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UNICSUL. MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela FMU. Atualmente cursando MBA em Gestão e Engenharia da Qualidade na Escola Politécnica da USP.
Supervisor Técnico do Laboratório Galileo da empresa Flexform;
Secretário da Comissão de Estudos de Assentos (CE-15:003.01) do ABNT/CB-15;
Coordenador do grupo de estudos Fórum de Laboratórios de Mobiliário;
Membro da Comissão Técnica de Tombamento de Móveis e Tv’s do INMETRO; Auditor Interno de Sistemas de Gestão da Qualidade nas normas ABNT NBR ISO/IEC 17025 e ABNT NBR ISO 9001.