Arquitetura 07/07/2020
Neuroarquitetura: entenda o que é e como funciona
A aplicação da arquitetura vai muito além da simples elaboração de ambientes agradáveis aos olhos. Se for integrada aos estudos da Neurociência, é possível desenvolver projetos capazes de impactar o estado físico e emocional das pessoas. Essa relação entre as duas áreas pode ser entendida como neuroarquitetura.
Essa disciplina é, portanto, responsável pela criação da ambientação física ao nosso redor, afetando a atividade cerebral a ponto de interferir no comportamento, na tomada de decisões e na saúde como um todo. Todo esse arranjo pode ser definido por meio de elementos como: iluminação, texturas, cores, sons, cheiros, ventilação e outros.
Quer saber como esse processo funciona e de que maneira ele pode ser elaborado? Fique com a gente e conheça esse fascinante ramo do conhecimento!
Como a neuroarquitetura funciona e quais são suas vantagens?
Já adiantamos que essa especialidade da arquitetura se preocupa com o funcionamento do sistema nervoso central quando um indivíduo é exposto a sensações provocadas pelo ambiente em que se encontra, influenciando seu comportamento. As combinações organizadas nos locais induzem o cérebro a produzir os hormônios que desencadeiam emoções e sensações compatíveis com o impacto produzido.
Esse mecanismo proporciona informações preciosas para que os arquitetos possam projetar e distribuir os espaços de acordo com os estímulos desejados. Muitas vezes, esse impacto é benéfico, no entanto, também pode afetar os usuários de maneira negativa, se o planejamento não for feito com cuidado.
Considerando que uma grande parcela da população passa muito tempo no interior de prédios, em seus empregos, ou seja, entre 80 e 90% do dia, é razoável levar em conta os princípios da neuroarquitetura com bastante seriedade.
Nesse sentido, é extremamente importante elaborar meios de conservar ou potencializar a saúde mental dos colaboradores das empresas, bem como incentivar condutas positivas usando os ambientes de forma pertinente.
Diante disso, podemos entender que as vantagens da neuroarquitetura são amplas e diversificadas. Fica fácil chegar a essa conclusão se imaginarmos edifícios e ambientes com grande potencial para, não só manter o bem-estar, mas, estimular ainda mais esse estado em seus frequentadores.
Isso é especialmente relevante quando pensamos em locais dedicados diretamente à saúde, como hospitais, clínicas e consultórios. São empreendimentos que podem ser ricamente privilegiados nesse sentido, ajudando os pacientes em sua recuperação. As corporações, da mesma maneira, podem contribuir com equipes mais engajadas e produtivas.
Qual é a relação dos espaços com o cérebro?
Projetar de forma mais humana é fundamental. Já sabemos que a influência da arquitetura no cérebro das pessoas é inevitável, assim como a qualidade corporativa e o planejamento dos interiores, que afetam a produtividade e a humanização dos colaboradores.
A neuroarquitetura, então, proporciona uma compreensão melhor dos efeitos provocados pelos espaços físicos nos indivíduos, especialmente nos níveis de percepção menos conscientes. Com isso, esse ramo do conhecimento indica que os ambientes interferem diretamente nos padrões mais ancestrais de funcionamento do nosso sistema nervoso central.
Esses parâmetros primitivos são universais e têm sofrido influência do meio cultural ao longo do tempo. Embora a arquitetura sempre tenha sido direcionada para cumprir esse papel de provocar sensações, a neuroarquitetura não deve ser vista como mais do mesmo.
Sua aplicação é muito mais aprofundada e explora aspectos mais íntimos relacionados aos sentidos, conforme já citamos. O correto emprego da luz, das cores, dos sons e de outros elementos induzem os neurônios a formarem sinapses capazes de liberarem hormônios causadores de emoções diversas. Esse é o foco específico dessa disciplina.
Como aplicar a neuroarquitetura?
Já sabemos seu mecanismo de atuação. A partir desse ponto, é possível aplicar seus preceitos em todos os espaços possíveis, da melhor forma. A seguir, detalharemos um pouco sobre os mais relevantes para o cotidiano das pessoas.
Projetos comerciais
O conceito ainda é recente, no entanto, já conhecemos seu mecanismo de atuação no comportamento humano há bastante tempo, principalmente quando se trata de ambiente corporativo. Quem trabalha em empresas sabe muito bem o quanto pode ser difícil manter uma produtividade alta quando os espaços são inadequados.
Locais com ruídos incômodos, estações de trabalho mal planejadas, móveis desconfortáveis, circulação comprometida e outros problemas são sempre motivo para uma rotina de trabalho estressante e sem produtividade.
É nesse ponto que a neuroarquitetura pode entrar como uma solução eficiente e transformadora para remodelar o interior de escritórios e das empresas e transformá-los em um lugar onde os colaboradores desejam ficar, por sentirem-se bem com o que estão fazendo.
É interessante considerar sempre uma ambientação acolhedora. Salas amplas, com incidência de luz natural, pontos de cor quando a decoração é neutra e circulação adequada são exemplos de ambientes que podem facilitar o foco e o estímulo à concentração dos funcionários.
Ainda que as dimensões de uma sala sejam reduzidas, é sempre possível otimizar o espaço usando móveis funcionais, adaptados ao local. O trabalho com cores e texturas também ajuda nesse arranjo.
Investir em ambientes mais humanizados, que produzem bem-estar, é uma maneira inteligente de potencializar a produtividade de uma empresa. Quando as pessoas estão confortáveis, têm mais chances de se concentrarem e isso leva ao aumento do foco e do empenho para desenvolver habilidades e resolver problemas.
Projetos residenciais
Para começar um projeto arquitetônico residencial usando os recursos da neuroarquitetura, vale pensar na possibilidade de providenciar um briefing com a ajuda de um profissional da área de saúde. Pode ser um psicólogo ou um neurocientista.
As informações que esses especialistas podem fornecer garantem material para elaborar um perfil do cliente, identificando todas as suas necessidades. Com isso em mãos, o arquiteto tem meios de criar as soluções ideais, que poderão levar conforto e melhorar sensivelmente a qualidade de vida dos moradores da casa.
Um planejamento desse porte pode gerar estímulos para todos os sentidos. É possível, até mesmo, auxiliar em projetos acústicos capazes de suprimir barulhos externos que interferem na qualidade do sono do cliente.
Trabalhar com os cinco sentidos pode promover mudanças importantes na vida das pessoas por meio da arquitetura. O uso correto de aromas, música e textura no ambiente são poderosos recursos para o bem-estar e quanto mais personalizada for a solução, mais perto estará de atender as necessidades de uma pessoa em particular. Vejamos algumas sugestões.
Luz natural e ventilação
Um projeto com aspecto de ar livre e uma ventilação bem direcionada é perfeito para levar ao relaxamento. Nesses espaços, é interessante, também, valorizar a luz do sol e optar por amplas janelas, sempre que for possível.
Iluminação artificial
Os benefícios da iluminação também podem ser sentidos com luz artificial. Uma boa pedida é apostar na luz amarela, principalmente nas áreas mais íntimas, como o quarto. Esse tipo de iluminação auxilia na produção de melatonina e melhora a qualidade do sono.
Luzes brancas devem prevalecer em locais ocupados para foco e concentração, como o escritório e a cozinha.
Elementos naturais
São uma forte tendência para 2020 e, também, uma das maneiras mais práticas de induzir ao relaxamento e ao bem-estar.
Ambientes organizados
Isso pode parecer evidente, mas, não é bem assim. Organizar os ambientes é um dos princípios mais elementares da neuroarquitetura. Desfazer-se da desordem é uma das coisas mais relaxantes e libertadoras. Funciona até como recurso para controle da ansiedade.
Projetos para as escolas
Os projetos arquitetônicos para ambientes voltados ao ensino também têm muitas particularidades, que são essenciais para o aprendizado dos alunos. Da mesma forma que nas empresas, salas de aula grandes, com controle de ruídos, temperatura agradável e amplas janelas para a entrada de luz natural interferem positivamente no rendimento dos estudantes.
Sentir-se confortável em casa e no local de trabalho é fundamental para minimizar as atribulações naturais decorrentes dos fatos do dia a dia. A arquitetura sempre teve um viés de inovação e preocupação com o bem-estar e o conceito de neuroarquitetura só tem a acrescentar vantagens para as empresas e os lares.
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